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1º Capítulo

Continua no próximo capítulo 

Aos leitores...
Se você gosta de histórias fora do comum e previsíveis ao mesmo tempo, fecha logo 
a página e vai assistir TV. Agora se você curte conhecer histórias de pessoas com a vida o 
mínimo que seja parecida com a sua, seja bem-vindo, está no lugar certo.
Certamente algo te trouxe até aqui. O nome da história, a capa, ou alguma 
recomendação. Talvez você esteja aqui por ser um crítico de algum blog, e assim, busca 
algum defeito nesta estreia para escrever no seu  post.  Garanto que encontrará muitos. 
Também te garanto que no final do primeiro capítulo, você não encontrará um acidente 
de carro, ou uma morte sangrenta e cheia de risadas maléficas. Só vai ser um capítulo 
como outro. Cabe a você vir aqui no próximo capítulo e ver a continuação da história. Se 
te interessar...
Bom, se a minha vida fosse retratada numa novela  teen, certamente  eu seria a coisa 
mais perfeita do mundo para todas as garotas que a assistem. Ou não (gente, eu não sou 
um galã global).  Até a próxima temporada, quando viria outro mauricinho  ocupar meu 
lugar. Brisei.
Eu também não vou ser disputado por duas garotas (quem me dera), e não vou 
roubar a namorada de ninguém. Juro por todas as espinhas do meu rosto que não sei 
dançar e não faço parte de um grupo musical, que vive cantando por aí, e que quando 
eu começasse a dançar, todos dançariam comigo no mesmo ritmo e na mais perfeita 
sintonia, mesmo sem termos ensaiado.
É, minha vida é muito chata. Mas garanto que, como eu já disse antes, é nem que 
seja o mínimo parecida com a sua. Vamos lá?

 

 


I - MUDANDO O STATUS DE RELACIONAMENTO SÓ PRA CURTIR. 
Gostaria de poupá-los dos clichês de apresentação, mas isso é uma tarefa difícil. 
Diria até que impossível. Então vamos. 
De início eu sou igual a você. Um ser humano de carne e osso, pé e pescoço. 
Vivemos no mesmo planeta e respiramos o mesmo ar. Agora vamos às coisas que podem 
nos diferenciar. Os “talvezes” desta apresentação esdrúxula. Tenho pai, mãe, assim como 
você deve ter. Tenho sonhos, problemas e outras coisas que podem ser descobertas ao 
desenrolar dessa parte chata. 
Perdoem-me a minha falta de educação em fazê-los esperar, mas é que eu penso 
muito antes de escrever. Penso tanto que quando eu vou escrever não me lembro de mais 
nada. O que eu posso te contar aqui pode entrar pelos seus olhos e sair pelos sete buracos 
do seu rosto. Ou você pode guardar e acreditar.
Sem mais delongas,  me chamo Lucas. Lucas Batista. Aquele que alguns chamam 
de “o cara”. Moro com os meus pais numa casa em um bairro humilde, mas confortáv el. 
Tenho  amigos (e aí entra a parte do “assim como você” mais uma vez), e claro, vizinhos 
chatos. Estudo numa escola pública onde a galera da minha sala, 3º ano turma A, é 
verdadeiramente unida.
Ah, sim, você quer que eu diga por que me chamam de “o cara”. Só por que eu já 
saí com umas... umas trocentas  garotas da minha escola. (Isso é uma das coisas que você 
pode liberar pelos sete buracos do seu rosto sem medo). Eles acham que eu saí. 
Quando eu completei meus quinze anos, ainda não tinha beijado ninguém, sério. 
Eu era um daqueles que chamam de “BV”. Os dias dos namorados eram os piores dias da 
minha vida. Malditos sejam aqueles 12 de junho que passei vendo todos postarem 
besteiras e mais besteiras com seus “S2” coraçõezinhos. Recalque, inveja eu sentia.
Não sei se eu queria alguém para amar ou para mudar o meu status do Facebook. 
Nunca me apaixonei por ninguém até então, e acho que por isso nunca havia rolado 
nada. Mas as vésperas de todo dia 12 de junho eram totalmente cruéis com a minha 
pessoa.
As redes sociais passam aquilo de que você só é o fodão se estiver pegando 
alguém. Desde os primórdios (Orkut) até os dias atuais. Foi por isso que eu, acreditem ou 
não,  mudei meu status de relacionamento alguns dias antes do Dia dos Namorados de 
2011.  Mesmo sem estar namorando. Sim, pode parecer coisa pouca, mas muita gente saiu 
curtindo a atividade e perguntando com quem era. Com quem era? Nem eu sabia!
Resolvi fazer um  fake  pra deixar tudo mais verídico. Criei uma conta falsa no 
Facebook, peguei uma foto no  Google (não uma foto qualquer, pelo menos eu queria 
uma namorada bonita) e apresentei a  Rebeca pra todo mundo. Exagerei um pouco na 
foto da guria. Eu peguei a foto mais bonita que achei. Era tipo uma garota daquelas que 
não pisam nem no chão de tão nariz empinado que são.
Disparos de mensagens no inbox só pra perguntar com quem era. Eu mandava o 
link da conta dela e dizia que era morava numa cidade vizinha e que eu a encontrava 
nos finais de semana quando (isso é fato) eu ia para a casa da minha avó.


II – EM UM RELACIONAMENTO SÉRIO COM A MENTIRA. 
Fim de semana e todos da escola achavam que eu, Lucas, iria até a outra cidade 
para “pegar” a Rebeca de jeito. Eu ia sim namorar, mas namorar aqueles bolos, doces e 
tortas que a minha avó fazia só pra mim. 
Voltava na segunda-feira e os meus colegas de sala sempre vinham com as mesmas 
perguntas.
— E aí, cara, tua mãe sabe que tu tá pega aquela gostosa? 
Quisera eu ter namorado todas as garotas que a minha mãe acha que eu namoro. 
Ter tanto dinheiro que a minha  mãe acha que eu economizo, e ser tão inteligente e tão 
bonito quanto ela acha que sou.
— Óbvio. — menti.
Júnior, esse meu amigo, era xereta. Tão nerd quanto eu, achava que quando uma 
menina lhe dava um beijo no rosto era um pedido de casamento.
— Vocês já transaram?
Engoli a seco. Fingi que não ouvi. Fingir estar prestando atenção na aula chata de 
biologia botânica e tentando memorizar aqueles nomes malucos: “briófitas” “pteridófitas”, 
e todas as outras coisas terminadas em “ófitas”. 
— Ei Lucas, responde. 
— Pra quê tu quer saber disso, Júnior? — respondi finalmente.
— Sei lá. Tu sai falando pra Deus e o mundo que a Rebeca é isso, aquilo... 
Eu? Falando da “Rebeca” por aí?! Com o direito de melhor amigo, posso falar o que 
quiser dele. Júnior era fofoqueiro. Fazia o tipo Nelson Rubens: “eu aumento, mas não 
invento”.  E como  ele aumentava as coisas. Se eu mentisse mais ainda e dissesse que havia 
transado com a minha “namorada”, seria capaz de ele sair por aí dizendo que ela estava 
grávida de quadrigêmeos.
—  Rebeca é uma menina direita.  —  respondi para Júnior e voltei a assistir à aula 
entediante.
Às vezes todas aquelas lorotas me deixavam mal e não me deixavam dormir por 
peso de consciência. E numa certa noite mesmo,  resolvi “terminar” com a Rebeca, 
excluindo a conta do Facebook dela e mudando o status de relacionamento para 
“solteiro”. E como escreveu Chris Rock em “Todo Mundo Odeia o Chris”, “o segredo para 
pegar uma gatinha é pegar uma gatinha”.


III. AGORA RELAXE E COLHA O QUE PLANTOU. 
Meu primeiro dia de solteiro incrivelmente foi diferente de quando eu estava 
“namorando” e principalmente de quando eu fui solteiro pela primeira vez.
Algumas garotas da escola olhavam para mim e davam risadinhas bobas, e eu, não 
sei por quê, tinha certeza de que não era por causa  da minha  “ridicularidade”  (essa 
palavra existe, produção?) nerd.
— Eu vi que no face dele que ele está solteiro... — disse uma delas.
Eu ouvi bem? Até que ela não era de se jogar fora. Já eu... Eu não tinha moto, não 
tinha luzes nos cabelos, mas deduzi que  a mudança de status no meu Facebook para 
solteiro aumentou meu sex appeal diante de algumas meninas. 
Saí até com aquelas que me faziam “fiu-fiu”, mas na hora de beijar eu era péssimo. 
Mas saí com muitas,  na verdade com quase todas as garotas da escola. Logo os caras 
estavam me chamando de “o cara”, meu amigo Júnior super recalcado por eu ter o 
deixado de lado, e as meninas todas falando mal de mim entre si por eu não saber beijar. 
Mas por que saiam?! 
E este foi o meu começo de ensino médio.

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