top of page

2º Capítulo

Clara encarou todos os presentes na sala por alguns minutos e não pronunciava uma única palavra.

- Traficada? – era a pergunta da jovem

- Suponhamos que sim. Mas até as investigações encerrarem-se, nada está descartado.

- Eu tenho nojo de vocês. Todos vocês vão pagar pelo mal que fizeram a minha filha. Todos!

- Acalme-se. – pedia um dos policiais

- Como eu posso estar calma? Primeiro, eu quase morro beijando o meu namorado. Depois, eu descubro que por um milagre a minha filha ainda está viva e que nascerá em poucos instantes. E por último, eu descubro que houve um roubo e os bebês podem ter sido traficados?

 

 

Roberto está em sua sala, organizando alguns papéis e assinando outros. Na tela do seu computador, um novo e-mail surge e ele focaliza na mensagem. Alguns minutos se passam, e ele recebe uma ligação. Ao atender, ele se assusta e deixa o copo de uísque que tomava cair no chão.

- Como assim? [...] Mas como ela está? – pergunta saindo do escritório

Paloma está saindo do elevador quando encontra com Roberto. Ela se aproxima e o beija, percebendo que o homem está numa ligação.

- Estou indo imediatamente para aí.

- Problemas? – era a pergunta de Paloma

- Tenho que ir para o hospital. Roubaram a filha da Clara

- Vou com você.

 

 

Ao som de “Planos Impossíveis – Manu Gavassi”

Era quase meia noite quando Roberto e Paloma chegaram ao hospital. Clara estava dormindo e não podia ser incomodada, desta maneira, ninguém deveria entrar no quarto dela. Os familiares estavam reunidos na sala de espera. Ao perceber a presença de Roberto, Vitor tentou expulsá-lo, mas não conseguiu.

- Eu quero saber onde está a minha filha.

- Ela foi vendida ilegalmente em outro país. Satisfeito?

- Querido, não se preocupe. Provavelmente ela estará muito feliz lá. Não terá o cheiro pobre de vocês.

- Cala boca, Paloma. Ninguém te convidou. – disse Vitor

- A boca é minha e eu falo o que eu quiser.

Vitor desistiu de discutir e sentou-se. O médico chegou e todos se levantaram.

- Descobriram alguma coisa? – era a falsa pergunta de Paloma que não estava interessada

- Não.

 

 

 Bianca pega a criança do cesto e a leva para casa. Dentro do apartamento, ela faz uma ligação:

- Boa noite. Dois bebês recém-nascidos estão abandonados no mar próximo ao hospital Montenegro

E antes que lhe fosse dada uma resposta, a escritora desligou. E abriu um enorme sorriso.

- Já fiz a minha parte.

 

 

Ao som de “Someday – Britney Spears”

Uma semana havia se passado, e a tristeza era inevitável. Clara ganhou alta após recuperar-se da depressão que tivera.A mala da filha, com o nome “Sophia” era levada por Vitor, que a abraçava. Por um momento, ela ouviu o choro de um bebê e correu até o berçário. Mas estava vazio. Virou-se e percebeu que um bebê de aproximadamente um ano estava atrás dela. Não aguentou e saiu correndo.

Na porta do hospital, acabou desabando no choro. Vitor a confortou:

- Fique calma. Ela vai voltar.

 

 

Ao som de “Heart Attack – Demi Lovato”

Oito horas da manhã. A campainha toca. Bianca atende, com o bebê dormindo no colo.

- Você disse que tinha algo urgente para me dizer.

- É sobre a minha filha.

- Você só pode estar maluca! Onde você encontrou este bebê, Bianca?

- No mar.

- Desculpa Bianca, mas você não pode ficar com esta criança. Ela tem que ser devolvida a mãe.

- O problema não é meu, Bruna.

- Claro que é. Você não tem noção da loucura que está fazendo. Essa criança foi ROUBADA do hospital e segundo os policiais, ela foi TRAFICADA. Satisfeita?

- Eu não vou devolvê-la. Estou feliz.

- A custa dos outros? Como fica a família dessa criança, Bianca? Você poderia ser um pouco compreensível.

- Por isso mesmo, Bruna.

- Não vou me meter na confusão. Não peça a minha ajuda. Passar bem. Ah, você terá que dar depoimento na delegacia por causa dessa criança. E lá, você vai conhecer a mãe desse bebê. É uma jovem de vinte anos. Ela foi baleada na rua... Não vou nem continuar no assunto, até porque, você está sendo extremamente egoísta. Eu pensava que você era diferente, Bianca. Bem diferente.

- Você disse que ela foi baleada?

A médica concorda com a cabeça e diz em tom baixo:

- Enquanto beijava o namorado. Que você seja feliz. Passar bem.

 

 

Ao som de “Skycraper - Demi Lovato “

Clara estava em seu quarto. O local não era muito grande, havia um berço, uma cama de solteiro, uma televisão de vinte e nove polegadas led, dois roupeiros, uma janela e uma cômoda.

Na cama, estavam arrumadas roupas para a bebê. Algumas escritas: “Sou da mamãe”, “Meu nome é Sophia!” “Sou da vovó”. E outras ilustradas.

Marta abre a porta e vê a filha aos prantos, no chão. Ela entra e a consola:

- Filha... Fique calma!

- Calma? Não! Eu não posso ficar calma.

- E quem você acha que pode ter feito isso?

Vitor chega com flores á casa e escuta a conversa

- Não sei mãe. Acho que tudo deu errado quando o Vitor me pediu em namoro.

- O Vitor é um bom rapaz. Nunca imaginaria que iria acontecer tudo aquilo.

- Quem mais pode ter sido mamãe?

O garoto sai. Marta não responde.

- Eu queria saber por que essa pessoa fez o que fez. No fundo, o Vitor não faria isso. Não comigo. – afirma deitando a cabeça sobre as pernas da mãe

Publicidade 

bottom of page