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Capítulo 6

Bianca estava na cozinha, fazendo a comida de Estela quando ouve um “Plantão” na televisão.

- O avião da TAM de número 4291 caiu ao decolar da pista do aeroporto de São Paulo. Há muitos feridos e mais de quarenta mortos. Mais informações em breve.

- Eu já ouvi esse número em algum lugar. Onde?

Após dois minutos olhando o sorriso de Estela, Bianca dá um grito, assustando a bebê.

- Esse voo é o da Bruna! A Bruna estava nesse avião! Não, ela não!

Bianca coloca Estela no carrinho e sai do apartamento nervosa.

 

 

Os corpos estão sendo retirados. Os bebês encontrados. Uma carta caiu da bolsa de Bruna que está endereçada á Polícia. O homem guarda em seu bolso.

- Morreram quatro bebês! Quatro! – gritava uma mulher

 

 

Parecia que o acidente era previsível. A menos de trinta minutos do acidente já havia ambulâncias e equipe de jornalistas no local do acidente. Muitas pessoas estavam mortas. Um bebê, do sexo masculino respirava com dificuldades.

- Um bebê vivo! Ajuda! – era o grito de outra mulher

O bebê foi levado imediatamente ao hospital Montenegro. Porém, o bebê era de um casal que faleceu.

 

 

- Moço! Eu tenho o direito de saber onde está a minha amiga Bruna Gomes. Ela estava neste voo. – era uma voz feminina

- Senhora, eu estou removendo os corpos. Bruna Gomes... Ela está para aquele lado.

- Ela está bem?

- Isso eu não sei. Pode ser que ela tenha ressuscitado, não? A encontramos morta. Meus pêsames.

Bianca ficou totalmente paralisada. Não mexia um músculo. Não abria o sorriso enquanto Estela puxava violentamente seus lábios. A bebê achava graça até que enxergou uma lágrima caindo do rosto da mãe. A menina, sentindo que a escritora não estava bem, deitou sua cabeça por volta do seio da mulher e fechou os olhos.

Bianca caminhou até o lugar onde o homem havia lhe indicado e enxergou Bruna fria e machucada.

- Você é muito especial pra mim, amiga. Não deveria ter ido embora. É uma mulher de boa alma que não faz mal para uma mosca.

- Você é parente dela? – perguntou um homem

- Amiga.

- Ao retirar o corpo dela do avião, caiu uma carta endereçada a Polícia e outra para senhora Bianca. Você poderia entregá-la?

- Sim moço. Sou Bianca. Entrego para a Polícia.

Bianca colocou Estela no carrinho e a menina deitou para o lado e “apagou”. Abriu a carta e leu:

Minha amiga. Poderia lhe chamar de irmã, mas minhas ações ultimamente não me permitem. Eu não sou uma mulher de boa alma como você mesmo diz. Por mais que eu goste de crianças, eu as trafico. O crime envolvendo a Estela é outro caso, e nunca trafiquei crianças do hospital onde trabalho.

Lembra que eu disse pra você devolver a Estela a Clara? Provavelmente ela achará que a filha está morta.

Eu mereço esse fim, e espero que você me perdoe. Também gostaria que um dia você entendesse o sofrimento de uma mãe que está tão próxima da filha.

Adeus, e não se preocupe: este é um segredo nosso. A não ser que você conte a alguém.

Ao terminar de ler, Bianca guardou a carta em sua bolsa e saiu do local chorando silenciosamente, para não acordar Estela.

 

 

 

Clara estava no quarto, organizando as roupas de Sophia numa sacola para dar a alguém que necessitasse. A única frase que ela queria ouvir era: “Sua filha está viva e perto de você”. O que não deixa de ser verdade, mas não ouviu o que queria:

- Filha, encontraram a sua filha...

 Clara abriu um enorme sorriso, mas acabou o fechando logo após o que sua mãe dissera:

- Morta. Ela estava com uma mulher e um homem e o avião caiu. Eu sinto muito.

- Eu realmente não vou encontrar a minha filha.

Mãe e filha abraçam-se.

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                             No hospital Montenegro, uma mulher bonita com longos fios loiros caminhava com seu salto alto no corredor.

Funcionários do hospital a paravam no caminho, mas a mulher não dava ouvidos.

Ao entrar em sua sala, percebeu que muita coisa havia mudado. Rodrigo estava sentado na cadeira para ter uma conversa com a diretora do hospital.

- Em que posso ajudá-lo?

- Não sei se a senhora sabe, mas houve um roubo no hospital, envolvendo três bebês.

- Como assim? Explica-me direito.

- Dia 22 de dezembro houve um falso incêndio. Durante isso, roubaram do berçário três crianças recém-nascidas. Duas foram encontradas e devolvidas. Falta uma e ela foi traficada.

- Traficada? Como pode dizer isso com tanta convicção? Está havendo um engano.

- Não é engano.

- Não é possível. Eu viajo por um mês e acontece uma tragédia dessas.

- Você deveria ter mais responsabilidade.

- Vem cá. Quem você pensa que é pra falar assim comigo?

- Se você continuar a falar assim serei obrigado a prendê-la por desacato á autoridade.

- Desculpe. Estou nervosa. Eu cheguei ao Brasil hoje pela manhã. Se eu soubesse, teria voltado antes.

- Entendo seus motivos. Mas você não acha ninguém suspeito?

- Eu já disse que eu cheguei ao Brasil hoje. Quando eu fui pra França tudo estava normal a não ser...

- A não ser o quê?

- Um homem. Ou uma mulher. Não dava para reconhecer pela capa preta que usava. Ficava na porta do hospital o dia todo.  

- Essa mesma pessoa roubou os bebês.

 

Clara chegou ao local do acidente e apenas chorava. Ao encontrar o suposto corpo de sua filha, ajoelhou-se e acariciou o corpo da criança.

- Eu lutei por você. Fiquei dias sem receber notícias suas e você está aí...Morta. Onde quer que você esteja, saiba que eu vou te amar para sempre. Clara começa a cantar uma música e emociona á muitas pessoas que estão pelo local:

 

Minha mãe (Turma do Balão Mágico)

[...]

Minha mãe
O que passou por mim ninguém vai passar
Minha mãe
Eu sei o que sofreu por mim sem reclamar
Você daria a vida por mim
Só pra me defender
Faria qualquer coisa por mim sem se arrepender
Esse é o dom de amar que Deus te deu

 

 

 

 

 

Continua no próximo capítulo 

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