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Capítulo 9

- A minha filha está viva! – gritou Clara histericamente pulando no colo de Vitor

- Se ela está viva, ela está perto de você. – comentou o rapaz

- Eu sinto que ela está aqui ao meu lado.

Os dois se beijaram e subiram ao quarto felizes.

 

 

 

Alguns dias haviam se passado. Clara estava feliz com o casamento e com a notícia de que sua filha poderia estar viva. Joaquim está ganhando grana alta com shows, como o homem que lhe abordou no aeroporto havia lhe prometido. Paloma estava curtindo a gravidez ao lado de Roberto, que pensa que sua filha está morta. Antônia terminou qualquer início de relação com Rodrigo e lhe disse que está casada com Ignácio. Mariana preparava-se para viajar para o Canadá. Bianca acaba publicando o livro “Segredos”, no qual narrava sua infância.

 

 

 

Clara está sentada no sofá, lendo o jornal que noticiava a morte de noventa pessoas em um acidente entre três ônibus.

A campainha toca e a empregada atende. Um homem entrega á ela um convite destinado á Clara.

- O que será isso? – diz abrindo o convite – É o lançamento do livro da Bianca.

 

 

 

 

 

 

No local onde era o lançamento do livro, todos estavam presentes, até Estela. Clara não tirava os olhos da criança. Prestava mais atenção no rosto dela no que o discurso que Bianca pronunciava.

Ao final, Bianca assustou-se ao ver que Estela não estava dentro do carrinho. Ela já sabia engatinhar.

Passados alguns minutos de muita preocupação, Bianca foi surpreendida por Clara, amamentando a criança.

- Desculpa Bianca. Mas a menina estava chorando e você estaria muito ocupada. Mas não se preocupe: ela irá mamar e dormir, como prevejo.

- Mas da onde você tem leite?

- Eu engravidei, perdi a minha filha e... Ela está viva. Dá pra imaginar?

- Mas ela não havia falecido?

- O exame comprova que o corpo da criança não é compatível com um fio do meu cabelo. Eu sei que ela está viva e perto de mim. Muito perto.

- O que eu faço agora? Se a Clara descobrir que a Estela é filha dela, eu nunca mais a vejo. A única saída será inventar que meu avô está muito doente. – pensa sendo surpreendida por Gonçalo, avô de Bianca.

- Como vai a minha netinha? Tá mamado no peito da tia?

- Só estou ajudando. Mas a Bianca parece estar preocupada. O que houve? – pergunta deixando a escritora na maior saia justa

Mariana está no aeroporto Internacional de São Paulo. Sentada numa cadeira, esperando o voo, ela liga para um homem.

- Já estou saindo do Brasil. E nem tente chegar atrasado, senão está morto. Odeio ficar esperando. – e desligou o aparelho celular. – Adeus, inferno.

 

 

 

 

Bianca é encarada por Clara e Gonçalo. Ela olha a bebê e por um minuto se arrepende do que fizera a alguns meses atrás: “adotar” Estela.

- Bebê idiota. Você me paga – resmunga

- Então? O que aconteceu?

- Nada Clara. Preocupação de mãe.

- Entendo. Ela já dormiu. Quer que eu a bote no carrinho?

Um pouco mais calma, a escritora concordou.

 

 

 

Após o evento, Clara chegou em casa com uma pulga atrás da orelha pelo comportamento estranho de Bianca no lançamento do livro.

- Vitor, você percebeu que a Bianca tava estranha hoje? Nunca a vi daquela forma. Parecia até que eu era mãe da Estela.

- E você é?

- Não. E se eu for, eu mato ela. Estou próxima da Estela e ela nunca me diz nada. Não vejo uma fotografia dela grávida.

- Calma. Você não pode acusar ninguém sem ter provas.

- Não estou acusando ninguém. Mas eu sou mãe. Eu carreguei uma criança por nove meses. E ela do nada, desaparece. Isso só tem um nome: Merda. E não venha dizer que foi um acidente. Foi tudo muito sem noção. Primeiro, começa um incêndio no hospital. Daí todo mundo sai e os bebês, recém-nascidos ficam dentro? Morrem? Se for alguém daquele hospital, eles vão pagar caro. Muito caro. Eu posso ser uma idiota de uma estudante, mas sou mãe e nenhum homem consegue entender isso. Sabe o Roberto? Não me visitou desde que soube da morte da filha. A Paloma ficou grávida e ele esquece? Como se fosse um lixo? Se ela ao menos fosse a sua filha, poderia ser outra história. Ele que me levou para a cama, transou comigo e eu fiquei grávida.

- Não exagera Clara.

- Isso não é exagero, Vitor. É a realidade.

Vitor começou a ler um livro enquanto Clara depositava toda sua raiva nele.

 

 

 

 

Paloma está no quarto do hospital, segurando Gabriela nos braços, sua filha com Roberto.

- Ela é linda!

- Puxou ao pai – dizendo quase babando pela criança

- Não. É a cara da mãe – diz rindo

Os dois se beijam.

 

Clara está na escrivaninha. Abre o diário que recebeu da mãe e começa a escrever:

Se arrependimento matasse, minha filha...

Eu tenho certeza de que, dependente do lugar que você esteja, você seja feliz. Por algo inexplicável, você sumiu do hospital. Eu queria tanto que você fosse um daqueles dois bebês encontrados, mas infelizmente, alguém lhe pegou. Te amo muito, minha princesa!

Clara guardou o diário e deitou-se. Estava pronta e decidida a reencontrar a filha.

 

“Entre os direitos de uma mulher, nenhum é maior do que o de ser mãe” – Lin Yutang

 

 

 

Continua no próximo capítulo 

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