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Meus passos são trôpegos, vacilam e tropeçam uns sobre os outros conforme percorro os corredores desertos e escuros do colégio, sempre me valendo de algum armário ou parede para me equilibrar sobre meus saltos agulhas de quinze centímetros novíssimos. Obviamente o álcool não me ajuda. Eu realmente havia exagerado no ponche apesar das advertências de Ted, mas era tão doce... E me deixava tão alegre... Quem iria imaginar que haviam batizado a bebida com tanto álcool? Não uma garota de 16 anos...

Ainda posso ouvir a algazarra vinda do salão onde o baile ocorre. Ouço com clareza os risos estridentes de algumas garotas exibicionistas e os urros graves de alguns rapazes que se embrenham em alguma briga. Estou curiosa para saber se há mesmo alguma briga desenrolando-se naquele ambiente decorado com papel crepom e muita serpentina, eu detesto perder grandes eventos. Odeio ter de ouvir a mais nova noticia e não ser a primeira a dizê-la. Mas eu não vou dar meia volta. O guardanapo amassado em minhas mãos suadas é mais importante do que uma briga do time de futebol. A notícia de que Tiago Brom me espera na piscina é muito superior a uma costela fraturada do jogador veterano que pode no levar as finais deste ano.


Eu me apresso, colidindo meus saltos com maior estrepito. Meu coração esta saltitando como um pardal retardado. Finalmente as escadas que levam as piscinas se aproximam e me lanço sobre elas ignorando o fato de que uma queda em cima desses saltos pode acabar por me matar. Novamente a risos aqui em baixo, graves o bastante para eu notar a masculinidade dos responsáveis. Ao fundo, no entanto um sino estridente denuncia a presença de uma menina. É estranho mas não bastante para me fazer voltar. 
Uma curva aqui, e logo e alcanço a porta que leva aos vestiários, e logo após eles eu me deparo, no topo de uma curta escadaria, as duas longas e extensas piscinas olímpicas e próximo ao fim da escada uma plateia assiste-me com sorriso maliciosos segurando seus drinks alcoólicos.


– Você chegou! Mas que demora,  merda eu achei que não ia aparecer – Tiago estende os braços na minha direção, abertos e receptivos. Eu não me movo.


– Você tinha razão ela até que é bem gostosa – um rapaz fala,  os braços ocupados na cintura de uma garota ruiva. Eu a conhecia. Márcia Milar, uma vadia.


– A culpa é do uniforme, eles sempre atrapalham – diz uma voz rouca vindo de um rapaz que eu me toquei era um formando.


– Devo concordar, às vezes eles são horríveis de se tirar – Márcia grana naquela sua voz nasal que queria soar sensual.


– Vem pra cá Isi! – Tiago branda ignorando seus companheiros.


– É vamos nos divertir – diz o formando lambendo os lábios.


– Hei, eu quero ser o primeiro – diz o rapaz agarrado a Marcie. Posso ver sem enganos ele afastá-la com um gesto enquanto agarrava o cinto e começava a solta-lo.


Meu coração para, como uma criança assustada. Eu sei o que ele quer, eu sei que eu quero fazer algo semelhante, mas em um cenário mais romântico, com apenas um ocupante e sem essa pressão sufocante. Eu quero um quarto de motel com apenas Tiago dentro dele.


– Cale a boca seu imbecil – gritou Tiago, ele virou-se para o amigo os punhos cerrados em aviso, e aquilo, estupidamente, me acalmou – o privilegio aqui é meu.


Eu não sei se ele esta falando serio, mesmo enquanto ri aquilo não se parece com uma piada, nem ao menos uma mal contada.


– Tiago... Você andou bebendo algo além de cerveja? – minha voz é fina e relutante.


– Beber... Cheirar... Qual a diferença? – diz o formando com Tiago ao lado concordando, para meu espanto.


– Ande, venha aqui embaixo, onde eu possa lhe tocar – ele acena para mim, convidando. Eu não me movo. Eu estou apavorada com seu sorriso malicioso. Eu dou um passo para trás.


– Quer bosta, deixe de cú doce! – o formando berra.


– Eu odeio esperar! – cantarolou o rapaz de Marcie, e esta apenas ri cruelmente, acariciando suas intimidades.


Eu estou muito assustada com toda aquela algazarra pornográfica para notar que Tiago sobe as escadas velozmente. Ele é rápido, por isso está no time. Eu me esqueci que somente drogados são permitidos nos times. Eu grito fracamente, dando um passo estabanado para longe, meu salto se enrosca na sai de meu vestido, que péssimo dia para rejeitar um vestido curto... Eu perco o equilíbrio e caio no chão, minhas costas por pouco não colidem contra o piso úmido. Mas eu prefiro que tivessem, eu não gosto das mãos ásperas e calejadas de Tiago ao meu redor. Mas ele me segura, forte e sem cuidado, me puxa para perto de si. Seus dedos pressionam minha pele na altura de meus quadris, eu tento me afastar e sua mão me reprime me segurando pelas costas, próximo demais da alça de meu sutiã.


– Qual é? Não era isso o que você queria quando desceu aqui? – ele murmura em meu ouvido, o hálito de cerveja, maconha quase me endoidecesse também.


– Me larga – choramingo me debatendo em sua jaula.


– Adoro desafios – ele gemeu enquanto sua mão agarrava-se a minha saia e a rasgava.


– Não! – eu enfio o meu salto no meio de seu pé, com força e violência. Ele grita palavrões e urros incompreensíveis. Suas mãos envolvem meus pulsos e eu chuto sua virilha. Eu não desisto. Ele se curva com um olhar assassino e mal percebo quando ele me joga escada abaixo.


Eu rolo, minha cabeça colide dolorosamente contra cada degrau. Minhas pernas se contorcem e torcem uma sobre a outra. Ouço mais de uma fez algo solido se quebrar. O carrossel para abruptamente, percebo que estou agora aos pés da escada, a cabeça latejando o corpo dolorido. Sinto algo quente e úmido cobrir minha nuca, minhas mãos tremulas correm até o local e voltam com os dedos pintados de vermelho. Eu grito. Alguém ri.


– Cacete tu é realmente um babaca Tiago! Espancado por uma loirinha! – o formando diz entre escandalosas risadas.


– Cala essa sua boca de merda! – a voz de Tiago se sobrepõe ao resto. Esta rouca e dolorida, assim como o que tem no meio das pernas.


– Já que o imbecil ali esta invalido acho que eu ganho a vez dele – o formando diz ignorando as ofensas e resmungos de Tiago.

Capítulo 1

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