Uma vez me disseram que memórias sempre são traiçoeiras, e ele tinha razão. Nós sempre nos lembramos das mesmas coisas, mas de formas contrárias. Os momentos, as imagens... Tudo isso dentro de nossa memória. E assim, vamos dia a dia, passo a passo construindo a nossa história. E esta, é aminha história. A história que sempre onde quer que eu vá, vou lembrar. Com a memória e meu coração.
Capítulo 01
Luna abriu os olhos e levantou-se da cama, a música novamente voltava a embalar os seus ouvidos. O dia estava lindo, ele prendeu seus cabelos, e, se olhou no espelho. Abriu seu armário e começou uma busca incansável de roupas. Logo, sua mala estava ficando recheada de roupas e acessórios. Ela subiu em cima da mala numa tentativa de fechá-la. Logo após duas longas tentativas, ela conseguiu. Daí então caiu deitada em cima da mala, expressando imenso cansaço, ela elevou seu braço a sua testa e enxugou um pouco do suor.
Na casa de Joaquim, estava havendo o mesmo processo. Porém um pouco mais ágil. Ele pegou sua inseparável câmera fotográfica e deixou bem em frente ao seu nariz, para não esquecer. Ele pegou o seu violão e colocou nas costas, em seguida, olhou o porta-retrato em cima da mesinha de seu computador. Era um foto com sua mãe no dia de sua formatura do ABC. Ele ficou sério e virou aquele porta-retrato para que ele não desistisse de tudo naquele momento.
Em seguida, foi a vez de Brenda. Ela estava com poucas coisas, só precisava do básico. Estava ali, atualizando suas redes sociais e deixando um E-mail de despedida para seus pais. Logo, ela pegou sua mochila e partiu.
Hugo estava atrasado, e como sempre, esquecia alguma coisa. Na hora se sair de casa, lembrou-se de seus fones de ouvido, e seu inseparável MP4. Ele voltou, buscou e partiu.
Fernanda é a mais patricinha da turma como já sabemos. Ela estava ali, com suas malas cor de rosa e o cabelo em perfeito estado com uma belíssima maquiagem. Seus cabelos dançavam ao vento e chamava atenção de todos na rua.
A cidade parecia estar mais iluminada, o sol era firme e ardente. Os carros e motos circulavam a cada piscar de olhos, eram inúmeras pessoas na calçada e nas lojas.
Ao virar a esquina, estavam chegando Brenda e Luna, as amigas inseparáveis.
- Amiga! – Luna soltou suas malas no chão e correu para abraçar Brenda.
- E ai vamos nós! – Disse Brenda enquanto abraçava Luna, as duas sorriam.
- E ai! – Cumprimentou Joaquim ao chegar, ele sorria e também abraçou as meninas.
- Oi! – Elas responderam cantarolando.
- Hum... Sua amiguinha vem não? – Perguntou Brenda com ironia.
- Oi Brenda, estou bem, obrigado por perguntar!
- Todos estão prontos, ninguém esqueceu de nada né? – Gritava do outro lado da rua Fernanda, que vinha arrastando sua mala. Ela desceu seus óculos escuros e observou atentamente para o restante do grupo. – O que? Não, isso é impossível! Como só trouxeram estas malinhas? Já pararam pra pensar no inverno? - Ela parou e cruzou os braços – vão morrer de frio!
- Ai, não começa garota, só são apenas 4 dias! – Disse Brenda.
- Eu penso em tudo queridinha. – Respondeu Fernanda.
Ao descer da calçada, Fernanda observa um carro que vem vindo em alta velocidade e percebe ali, a presença de um gatinho. Ela tenta grita e correr para salvar aquele bichinho. Porém sua mala cai de mal jeito, e espalha todas suas roupas e acessórios pela rua.
- Eu não posso acreditar! – Ela se ajoelhou e começou a apanhar tudo. E o grupo ria do ocorrido. – Vocês vão ficar ai parados?! – Exaltou. Joaquim foi em direção ao outro lado da rua ajudar a companheira.
- Oi Nanda. – Ele a cumprimentou com um beijo no rosto.
- Pra que isso tudo? O que você tá levando Fernanda? – Perguntou Luna.
- Ai, parem! Me ajudem, é melhor. – Respondeu Fernanda.
Ali, vinha uma combi um tanto que velha, tocando uma música de sorveteiro infernal.
Eles pararam e viram que o motorista estava acenando para eles.
- Ai não! – Pensou alto Fernanda, e todos ficaram sérios. Eles se levantaram então e ficaram ali parados,observando.
- Cadê o ônibus 5 estrelas, ar, TV e bar? – Perguntou Fernanda, agora retirando os óculos da cara.
A combi parou, e, o motorista desceu.
- Sorriam! – Disse o motorista tirando uma foto. O motorista sorrindo incansavelmente cumprimentou a todos. – Eu sou Antonio, o sensacional, espetacular e lindo! Aplaudido em todos os públicos, desde rock ao pop, e do forró ao samba!
Brenda e Lua sorriam, mas Fernanda ainda se demonstrava impaciente.
- E o que estão esperando? Vamos, a estrada nos espera!
Todos subiram no ônibus, porém Fernanda parecia estar colada.
- Anda, deixa de frescura garota! – Disse Luna.
- Eu –NÃO-VOU! – Fernanda foi bem clara em suas palavras.
- Ei me esperem! – Gritou Hugo, chegando correndo ao local.
- Bom dia pra você! – Disse Joaquim com ironia. - Anda, sobe logo, Fernanda. – Ordenou Joaquim.
- Fernanda inflou as bochechas e subiu.
Dentro da combi, todos pareciam confortáveis. Menos Fernanda, era um espaço bastante bonito por dentro, sofá, cama, cozinha, TV, som... E um mural com fotos.
- Paris, Estados Unidos, México... Você me parece ser bem... – Iniciou Brenda.
- Conhecedor do mundo. – Completou Antonio. – Com certeza.
- Passar uma vida toda indo de lá pra cá... Você viveu muitas aventuras hein? – Perguntou Hugo.
- Ai, não sei que tipo de homem vive num lugar sujo como esse.
- Essa combi já foi bastante visitada pelo seu pai senhorita Fernanda.
Todos olharam para a garota que agora estava séria, e soltaram um uivado de lobo.
- Na geladeira tem comida e bebida suficiente, fiquem a vontade. – Antonio ligou o som e soltou uma risada. – Agora, vamos “ao infinito e além!”.
Todos gritaram sorridentes, e a viagem começou. A combi circulava tranquilamente pelas ruas e avenidas, a sua pintura colorida deixavam muitos curiosos de boca aberta.
E ai, estavam os seis. Finalmente juntos, depois de tanto sonhar, agora deixavam pra trás a cidade. Pegaram a estrada acreditando que no final do caminho, o destino os esperava. Mas eles não perceberam que a estrada que os tinha pegado. Pelo que Antonio nos disse, uma grande gravadora de discos tinha prometido nos lançar. Mas antes tínhamos que ganhar o concurso e entrarmos numa turnê, nem que fosse ao interior do país. – Pensou Luna.
- É claro que eu quero ser famosa muito famosa. Eu já sou uma estrela, mas quero brilhar ainda mais. – Dizia Fernanda.
- Imagina só, nós gravando filmes, vídeos, séries e programas de TV. – Dizia Joaquim.
Mas além de tudo, Fernanda queria transcender, fazer algo que marcasse o tempo. Parecia até que queria encontrar a imortalidade. – Voltou a pensar Luna.
- E você? O que acha da fama, estrela... – Perguntava Joaquim a Brenda.
- Eu? Fama é nada. Ser famoso é complicado, eu só quero viver e respirar musica. Eu quero cantar.
Brenda se demonstrava firme, mas só por fora. Ela cantava pra se sentir protegida, ela se refugiava na música. – Os pensamentos de Luna eram cada vez mais constantes com o passar da viagem. Tudo isso que ela pensava, anotava em seu caderninho.
- Você vai mesmo passar toda viagem gravando isso? – Perguntou Brenda com seriedade.
- Claro! Um diário de viagem. Em breve estarão pagando fortuna por esse documentário. – Respondeu Joaquim.
- Os seus filhos ou os nossos, irão ouvir. – Falou Hugo.
- É só uma gravação num MP4 velho. – Disse Fernanda.
- Vem cá, quem te chamou na conversa? - Retrucou Brenda.
- Olha, se eu fosse você, eu me apaixonaria por mim. – Disse Joaquim. Todos começaram a sorrir.
- Não tenho tanto mau gosto assim. – Disse Fernanda.Todos voltaram a sorrir.
Fernanda colocou sua cabeça fora da janela para respirar o ar puro da natureza.
- Menina, ponha a cabeça pra dentro. Vamos fazer uma viagem segura e sem acidentes.
Fernanda revirou os olhos repreendendo a fala de Antonio. No momento de conversa com Fernanda, Antonio passou por cima de uma pedra pontiaguda, e acabou estourando o pneu do carro.
- Xii!! – Falou Hugo.
- Mulheres! Sempre desviando a atenção dos homens. – Antonio sorriu. – Bem, vamos todos descer. O pneu furou e temos que esperar.
Logo todos estavam na estrada, parados esperando algum carro passar. Até que passou o primeiro carro. Os meninos acenaram, e o carro se foi.
- Deixa isso conosco. – Disse Fernanda. – Meninas, venham aqui!
Logo o segundo carro apareceu. Era uma caminhonete, o reflexo no Vidor não deixava ver quem estava dirigindo. O carro parou com uma distancia de uns 4 metros, e a porta se abriu.
- Ual! Tem que se rum moreno, forte, alto e muito lindo! – Dizia Fernanda.
As meninas estavam encostadas, e logo os olhos se esbugalharam. Lá de trás, foi ouvido uma risadinha, eram os meninos.
- Benção vô! – Brincavam.
- É com vocês! – Disse Fernanda.
Era um senhor, um tanto gordo, aparentemente com 60 anos e bastante sujo. Os olhos fixos das meninas não queriam acreditar no que via.
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