Episódio 2
Bárbara,a impaciente do Haiti
Sinopse: Bárbara é professora de História numa escola com alunos de classe média. No início de mais um ano,a professora tem problemas com uma turma e sua paciência ''se estoura''. Com isso,a professora buscará novos métodos de ensino,porém sempre tendo como obstáculo o aluno Lúcio,que conta piadas na hora da aula,atrapalhando todos.
Episódio:
Segundo especialistas,no estudo de Ciências Humanas,conhecemos a História,que tem como um dos principais objetivos,resgatar os aspectos culturais de um determinado povo ou região para o entendimento do processo de desenvolvimento,além de entender o passado para a compreensão do presente. Começamos com essa introdução,porque a nossa ''deusa'' de hoje trabalha como professora de História,numa escola no Haiti. Bárbara é uma moça alta,com cabelos crespos e cheios.
Agora,na sala de aula,Bárbara,uma professora nada paciente,começa sua aula falando justamente no que estávamos vendo nessa introdução: um grande número de negros no Haiti.
-Bom,gente,como sabemos,boa parte dos moradores do nossa país é formada por negros e ainda tem uma parte mestiça e uma minoria que tem descendentes europeus. Vamos começar hoje a falar da Independência do Haiti,que aconteceu em 1804,constituída por mestiços,escravos e ex-escravos,como o líver,L'Ouverture.
Os alunos começam a gritar e vaiar a explicação da professora,que está na escola há 3 anos e ela continua sua explicação. Porém os alunos continuam e ela,com sua impaciência,começa a expulsar alguns alunos de sala. Os alunos estavam num dos primeiros dias de aula com Bárbara e não gostaram dela e um aluno começou a ler piadinhas que estavam em um livrinho que ele sempre levava consigo.
-Professora,cê sabe porque a água foi presa? - perguntou o aluno
-Não quero saber,Lúcio. Vamos continuar com a aula. - respondeu Bárbara
-Porque ela matou a sede.
Vários alunos riram com a piadinha de Lúcio,porém a professora não acha graça e manda o aluno para a coordenadora.
No final da aula,Bárbara foi chamada na sala da coordenadora.
-Boa tarde,Bárbara. O que aconteceu hoje na sua aula na turma de 6° ano C? - perguntou a coordenadora Susane
-Bem,Susane,foi o meu segundo dia de aula com aquela turma e foi a primeira vez que aconteceram problemas comigo envolvendo alunos. - respondeu Bárbara
-Continue...
-Eu estava começando o conteúdo do ano,com a Independência do Haiti e os alunos começaram a gritar ''uuuuuu'',''fora'' e outros alunos,como o Lúcio,aquele que eu te mandei aqui,ficaram fazendo piadinhas fora do momento,atrapalhando a aula e distraindo os colegas.
-É. Esse tal de Lúcio veio aqui e eu confisquei o livrinho de piadas. Eu gostei muito de uma piada em especial e vamos ver se você vai acertar.
-Aff,Susane.
- É assim: dez vacas subiam uma ladeira, em fila. A primeira vaca da fila olhou para trás. Quantas vacas ela contou?
-Claro que só pode ser nove!
-A resposta está errada!
-Por quê?
-Ela não contou nenhuma,porque vaca não sabe contar.
-Não acredito que até você,Susane,minha amiga pessoal e coordenadora daqui,goste dessas piadinhas.
-Eu que não acredito que não riu. Mas tem mais uma que ele já contou para a professora de português, a Annete.
-Então me conte.
-Qual a palavra que tem duas letras e três sílabas?
-Como assim? Duas letras e três sílabas?
-Arara!
-Esse Lúcio é muito engraçadinho,mas voltando para o assunto inicial,esses alunos não gostaram da minha aula. Preciso largar essa classe.
-Calma,Bárbara! Como você mesma disse,isso nunca tinha acontecido antes com você. Ou seja,isso é estranho para você,algo que você não estava acostumada.
-Isso significa que eu devo me acostumar?
-Claro que não,porém os alunos acabaram de vir do 5° ano,uma série em que eles têm a ''tia'' para fazer tudo e eles rejeitaram o seu modo de ensinar,que é muito aprovado pelo colégio,porém peço que você adote outros métodos de ensinar para essa turma: estimule jogos educativos,use o computador da sala,faça passeios a museus,...
-Ok,Susane.
-Então amanhã você terá aula com eles e depois me conta como foi,ok?
-Ok. Até amanhã.
As duas se despedem e a professora ficou mais tranquila com o que ouviu e chegando em casa,preparou atividades mais divertidas sobre o assunto da aula: Independência do Haiti.
No dia seguinte,a professora chegou na sala do 6°C e retomou o assunto da independência do país,usando jogos e vídeos educativos. Muitos alunos aprovaram a atitude da professora,porém Lúcio,um aluno que adorava perturbar os professores e gostou muito de atrapalhar Bárbara,tirou do seu bolso da calça outro livrinho de piadas,porém esse só tinha piadas de animais.
-Professora,qual é o bicho que come com o rabo? - pergunta Lúcio
-Lúcio,podemos parar com essas piadinhas?! - fala Bárbara
-Cê não sabe qual é o bicho não,fessora?
-Lúcio,guarde esse livro já!
-Professora,cê errou: todos os bichos comem com o rabo,porque eles não tiram o rabo pra comer. Aff!
-Lúcio,minha paciência está esgotando! - grita a professora
-Só mais umazinha: por que o macaco prego não quer entrar no mar?
-Lúcio...
-Porque ele tem medo do tubarão martelo!
Bárbara perde a paciência e grita com o aluno na frente de toda a classe,puxando o livrinho da sua mão:
-Seu garoto mal-educado,safado,não quero nunca mais que você conte essas piadinhas na minha aula! Eu tento ser uma professora calma com vocês,principalmente por estarem no 6° ano e tal,porém assim fica difícil,garoto. Seus pais não te dão educação não?!
Bárbara leva o livrinho para a sua mesa,pega uma tesoura,depois volta para perto de Lúcio e em cima da cabeça do aluno,começa a cortar o livro em picadinhos,que caem na cabeça do aluno. Para finalizar o ''show'',Bárbara,ainda nervosa e impaciente,grita:
-Que droga!
A professora volta para sua mesa e se surpreende quando olha para a porta e percebe que pelo ''vidrinho'' a coordenadora Susane estava espiando tudo. A coordenadora faz um sinal que indica que ela está chamando a professora para uma conversa na sua sala. Bárbara deixa seus alunos com outra professora e vai até a sala de Susane.
-O que houve hoje,Bárbara? - pergunta Susane
-Susane,aquele Lúcio continua com as piadinhas. - responde Bárbara
-Como assim? O livrinho está comigo.
-Ele trouxe outro. Dessa vez sobre animais e ficou contando piadas no momento da aula,como sempre.
-E o que você fez?
-Eu pedi várias vezes para ele parar,mas ... - a professora é interrompida por Susane
-Aí já tem um erro: pediu demais. Tinha que falar só umas duas vezes e se ele continuasse,trouxesse ele pra cá. Mas agora continue.
-Então,ele continuou com as piadas. Aí,eu peguei o livro da mão dele.
-Não é a melhor coisa a se fazer,mas também não é a pior.
-Porém eu perdi a paciência e cortei o livro todo em pedacinhos e joguei-os em cima da cabeça do Lúcio.
-Meu Deus,não acredito nisso! Você não poderia ter feito isso,Bárbara. Que falta de profissionalismo. Você é uma grande amiga pessoal,mas na escola coloque-se no seu lugar e lembre que uma professora não deve fazer isso.
-Desculpe-me por isso.
-Eu acho que quem merece desculpas é o Lúcio.
-Mas ele aprontou demais comigo.
-É. Mas um erro não justifica o outro.
A professora Bárbara e o aluno se resolveram,e as aulas começaram a dar certo,com várias propostas diferenciadas de como aprender.
Num dia,a professora Bárbara sentou-se com seus alunos e conversou um pouco sobre paciência e trouxe para a sala de aula,pessoas que ficaram soterradas no terremoto que atingiu o Haiti e matou várias pessoas. Essas pessoas contaram a paciência que tiveram que ter para esperar os socorros chegarem. Depois dessas experiências,a professora não é a mesma,até que seu aluno Lúcio agora,pode contar piadas,porém somente quando restam 2 minutos para o fim da aula. Um dia,ele contou uma piada que fez até a professora rir:
-Gente,no país das pizzas, as ervilhas expulsaram os aliches. Qual é o nome do filme?
Toda a turma ficou em silêncio,porém a professora Bárbara gritou:
-''Aliches no país das más ervilhas''.
-Como você sabe,professora? - perguntou Lúcio
-Não se lembra que uma vez a diretora recolheu seu livro?! Então,eu li algumas piadinhas!
Toda a classe cai no riso e Lúcio comenta:
-Fessora,de uns tempos pra aqui,percebi que você não é mais aquela antiga Bárbara,a impaciente do Haiti.