top of page

“Incêndio na Kiss, socorro”. Michele Cardoso uma das vítimas que veio a falecer, postou no facebook um pedido de ajuda. Em seguida, amigos começaram a questioná-la querendo saber o que estava havendo. Jean Carlo "Que loucura", postou quatro minutos depois e dizendo na sequência que "ouviu os bombeiros subirem a Rua dos Andradas". "Como assim? Explica isso", questionou Gabriel Saccol, que foi acompanhado por outros quatro amigos nos minutos seguintes.

 

Quase duas horas depois a tensão ainda prosseguia. Outra amiga perguntou como Michele estava. "Tu está bem Michele Cardoso, um amigo acabou de me ligar dizendo q está no hospital ajudando os feridos?", perguntou Gláucia Pires. Nas horas seguintes, a mesma pergunta foi feita por outros amigos, mas não receberam resposta da jovem.

Domingo, 27 de janeiro de 2013. O corpo de um casal de namorados é encontrado no pavimento da boate Kiss, abraçados, pouco conseguiam respirar. Os bombeiros os socorrem e acima da maca são levados para o hospital, horas depois são transferidos para unidade médica em Porto Alegre. 

O garoto lutou para sobreviver, mas acabou falecendo um dia depois. 
A garota ficou em coma cerebral e acordou quarta-feira dia 30 de janeiro de 2013.

Quando Luisa acordou na UTI sentiu a falta do namorado. O incêndio haverá de lhe causado queimaduras em 28% do corpo, principalmente ao lado direito, passou por raspagens e enxertos de pele ao longo de um mês no campo hospitalar. 

Ao sair do hospital oito quilos mais magra, a única coisa que lhe encaminhava a seguir em frente era a gravidez.

Terça, 07 de março de 2012. Gabriel olhou para o rosto da namorada pouco triste, parou o carro em uma rua deserta e a beijou intensamente. Mas por mais forte que fosse o desejo, era como se Luisa estivesse em transe.  

     - Tudo bem meu amor? – Pergunta Gabriel. – Desde que lhe busquei no shopping está meio tristonha. O que houve?
     - Fui comprar o seu presente. 
     - Sério? Vou adorar!
     - E eu me encontrei com a Natalia e ela me contou o “verdadeiro” motivo por terem terminado. 
      - Ela não devia! 
      - É verdade? – Os olhos de Luisa começam a lacrimejar. – Como você pode ser tão cafajeste? 
      - Luisa. Nunca gostei da Natália, o nosso “lance” era apenas uma diversão que durou bastante tempo até. 
      - Como eu sou pra você? 
      - Não. Luisa eu nunca tinha dito “eu te amo” para uma pessoa, somente para você, quando te vejo, minha respiração muda e isso é o mais puro amor existente. 

Domingo, 31 de março de 2013. A jovem desceu as escadas e ao olhar a poltrona na sala de estar encontrava-se uma bela senhora, usando vestido vermelho situado em sua bela pele negra que escondia a verdadeira idade. 

     - Dona Pilar. A senhora veio aqui me insisti a ir morar na sua casa? – Luisa senta-se no sofá e pouco olha para a “sogra”. 
     - Não vim te forçar a nada. Apenas lhe fiz um convite. 
     - Eu me recuso. 
     - Luisa. – Segura as mãos da jovem. – Eu perdi o meu único filho. 
     - Já eu o grande amor da minha vida. 
     - Podemos nos unir para lidar com essa tristeza, juntas. 
     - Não irei me sentir bem em ir morar lá na mansão! 
     - Por favor! – Pilar implora novamente. – Pelo o seu filho e o meu neto. 
     - Dona Pilar. Não quero me parecer aproveitadora. 
     - O que Luisa? Você é a mãe do meu único neto e terá grandes direito de hoje por diante. 
     - Pilar. – Luisa tenta respirar, mas seus batimentos cardíacos aumentavam intensamente. 
     - Terá os melhores médicos do país lhe ajudando. – Sorri suavemente para a “nora”, mas seus olhos castanhos não escondia a tristeza de ter perdido o filho.  A única esperança de fragmentar tamanha dor era viver com o neto que iria nascer meses adiante. 
      - Não é pelos médicos que irei de aceitar, mas pela a senhora que me convenceu. 
      - Será um começo de uma longa amizade minha querida! 
      - Pena que começou tão tarde. 
      - O Gabriel vai fazer muita falta né? Lembro até hoje de quando era criança e aprendeu a tocar piano em meio da casa, dava cada susto na gente e morreu assim. – Seus olhos começam a prantear, mas logo passa o dedo por cima.  – É injusto uma mãe enterrar o filho. – Luisa lhe abraça. 
       - Sei como se sente.
       - Ao menos podemos contar uma com a outra. 

Capítulo 3

bottom of page