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O som de ossos se partindo eram ignoráveis. Eu corri ao andar de cima sem saber o que fazer, sem saber que saída criar para fugir daquele maldito pesadelo.Droga havia um monstro comedor de pessoas dentro da republica! E pior ele tinha a cara de Isabel...como...como... Não, não poderia ser Isabel, ela estava morta. Eu a havia visto morta naquela piscina, eu a havia morta dentro do saco preto quando a retiraram do colégio, eu a havia visto morta dentro daquele estúpido caixão que agora estava enterrado a sete palmos no chão. Mesmo assim ela estava ali... Rindo e nos partindo ao meio. Comendo-nos como um cão faminto. Que péssima piada, ela estava comendo aquele que queriam come-la, só que de um modo mais literal.

Eu corri pelo corredor, tentando abrir todas as portas que me apareciam, e que para meu azar permaneciam trancadas. Maldita mania por privacidade, as chaves agora estavam nos bolsos dos cadáveres. Meu quarto ficava no final do corredor, e eu corri até ele e só quando girei a maçaneta emperrada me lembrei que a tranca estava emperrada. Quebrada... Sabia que não havia como abri-las, e que antes de todo aquele inferno começar eu já estava planejando dormir na sala para só amanha ir atrás de um chaveiro ou qualquer profissional capaz de consertar aquela merda. Eu sacudi a maçaneta, chutei a porta em vão. Um minuto de pausa para recuperar o fôlego foi o necessário para ouvir... Ouvir os passos que subiam calmamente os degraus da escada. Um assobio baixo e melodioso vinha do fim do corredor. Aquele maldito som ia ser o responsável por meu infarto, já que me coração estava atolado em minha garganta.

Joguei meu corpo contra a porta inquebrável em desespero. Abra, abra, abra sua desgraçada! Portas não ouvem e muito menos obedecem. Um feixe dourado de luz irrompeu da boca do corredor que dava para as escadas. E aumentava conforme se aproximava. Eu vi seus pés descalços sujos de terra e sangue primeiro, logo depois seu corpo apareceu escondido entre sombras. Ela parecia uma boneca. Filha de Chuck, com toda a certeza.

– Venha aqui para que eu possa lhe tocar – ela disse sedutoramente.

Eu escorreguei contra a madeira da porta, encolhendo-me no chão exasperado e exausto. Não podia ser... Eu não podia morrer...

– Você...você...não pode ser...quem é você?!

– Você não me reconhece? - Ela inclinou a cabeça para um lado – depois de tudo que passamos... Bem, deixe-me clarear sua memória.

Ela girou a lanterna para si, iluminando-se. Era uma visão horripilante. Seu vestido de decote em V estava completamente encharcado de sangue fresco e úmido. Ele ainda gotejava, deixando um rastro vermelho por suas pernas. Seus braços também estavam sujos e arranhados. Mas o seu rosto... Deus ele ainda continuava lindo embora o que tivéssemos feito a ela. Ela não parecia morta, embora estivesse pálida como papel. Aqueles olhos assassinos e diabólicos não pareciam mortos, e nem aquele sorriso faminto e divertido sujo por sangue de dentes que ainda traziam pedacinhos de meus amigos. Eu sufoquei um choro exasperado.

– Que espécie de demônio é você? – eu gritei exasperado.

– Demônio? Ah não seja tão melodramático – ela disse andando em minha direção, agitando meu bastão de beisebol no ar lentamente – eu estou mais para uma ex-namorada. E agora nós vamos discutir a relação.

E com aquelas palavras ela avançou sobre mim e acertou em cheio o bastão em minha cabeça. Eu apaguei de imediato. Eu morri, ao menos eu queria que tivesse sido assim.

– Acorde, acorde meu príncipe encanto – uma voz suave e familiar cantarolou ao longe daquela escuridão, eu pisquei desorientado enquanto minha cabeça pulsava dolorosamente.

Capítulo 9 

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